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Arquitetos: Gallego Arquitectura, Josep Ferrando Architecture
- Área: 1323 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Adrià Goula
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro Social El Roser foi criado no edifício da antiga prisão preventiva de Reus, um volume classificado como BCIL (Bem Cultural de Interesse Local) e pertencente ao Inventário do Patrimônio Arquitetônico da Catalunha. O equipamento representa um programa inovador na Espanha. É composto por um abrigo para os moradores de rua, um refeitório social e um espaço comunitário, concentrando assim todos os serviços sociais da cidade, o que o torna o primeiro equipamento abrangente do gênero.
A proposta é a "transformação de uma transformação". A prisão, construída em 1929, havia sido transformada em escola em 1979. Esta intervenção prévia é utilizada para criar um projeto em que os diferentes estratos temporais dialogam entre si, gerando um processo de seleção que mostra as camadas ocultas das construções e suas diferentes transformações, valorizando-as. O projeto respeita e recupera o edifício original, revelando a sua estrutura e a tipologia construtiva da época, oculta até agora, com a intenção de evocar uma imagem de austeridade.
A intervenção funciona em diferentes escalas. Por um lado, estabelece-se uma dialética entre os novos elementos, de natureza mais etérea, leve e tectônica, contrastando com a composição e os materiais minerais estereotômicos da estrutura existente, mais pesada. Por outro lado, a geometria da planta em “H”, que circunda dois pátios, é composta com novas aberturas transversais que, através da aparência, a permeabilizam de modo “palladiano”, eliminando a estanqueidade dos espaços. Desta forma, a leitura, o funcionamento e os percursos do edifício no interior são repensados, ao mesmo tempo em que se faz também a nível urbano, alterando a relação com o seu entorno imediato.
Enquanto a prisão original era acessada a partir da via principal em um portal monumental com espaço mínimo de calçada, a proposta elimina o muro que limitava o pátio do prédio da prisão, transformando-o em um espaço público aberto cedido à cidade, que permite ao transeunte tomar consciência do equipamento através da continuidade de suas fachadas. Uma esbelta estrutura de aço torna-se um gesto que lembra a parede agora ausente, ao mesmo tempo em que costura três diferentes períodos históricos. Por sua vez, a conservação do portal monumental atesta a falta do muro e enaltece o valor patrimonial do equipamento. Em outra escala mais doméstica, elementos como janelas, núcleos hidráulicos, etc. são introduzidos por tangência reforçando a ideia de palimpsesto.